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A mostrar mensagens de abril, 2021

Fecha os teus olhos e diz o que vês

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Fecha os teus olhos e diz o que  vês   Partilha comigo os teus sonhos   Sobre às nuvens e fala da miragem   Campos, vales e restante paisagem   Fecha os teus olhos e diz o que vês   Desce à terra, naquela estrada   Que tantas vezes percorreste   A cavalo ou na carruagem   Os livros que leste e quem amaste     Faz silêncio e conta o que ouves   Fala dessa mensagem   Sentado à beira-rio na margem   Enquanto cantam os pássaros   Desliza a água num burburinho     Diz-me que nunca tiveste berbicacho   Que a tua vida correu sem surpresa   Que os cães nunca uivaram durante a noite   Que o teu coração nunca foi tomado de fogacho     Cala-te por um minuto   Ouve o sangue a correr nas veias   Liberta-te de todas as teias   Agradece por mais um dia     Se as abelhas trabalham para as colmeias   O sol nasce todos os dias   Ainda que não brilhe seguramente   Que a vida não é feita de garantias     Diz-me o que sentes   Quanto tocas na linha do horizonte   Descobriste a vida na fonte   Sacia a sede 

Quando os amantes fazem amor

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Se os cães ladram desalmadamente    Contra qualquer corrente    Se os pobres gastam tudo    Se os ricos amealham    Quando os tolos acertam erradamente       Quando os amantes fazem amor    Suplicantes com clamor    Palco sem desterro    Longe da pátria sem voz        Uivam os cães debaixo da lua    Fazem amor os corpos    Debaixo da pele crua    Com longos beijos        Quando vivo na solidão    Me entrego aos pensamentos    Na longa mansidão    Debaixo de chuva ou ventos       Se os cães ladram desalmadamente    Algo não vai bem    Se alguém pede encarecidamente    Sorri chora ou se abstém        Gritos de glória    Uivos de desespero    Ideias sem memória    Alma no desterro        Desterro sem caminho    Como água sem sede    Procuro escutar sozinho    Escutar-me virado para a parede        Deserto do ruído    Procuro na sede    O beijo lânguido    Que ela nunca teve     06-04-2021