CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS - poema por João Pires
Celebração das exéquias Das palavras mortas Dos poemas que são enguias Se escapam das mãos rotas Quando se forma a claque Para aplaudir as palavras Poesia sem ataque Ideias sem amarras Mulheres celebradas Em palavras saboreadas Mulheres detestadas Por seres misóginos Vilipendiar publicamente Vaiar com desprezo Amar despudoradamente Para sair ileso Racismo no mundo Cor da pele ou etnia Até quando este submundo Quero viver com alegria Sou resiliente Sou sonhador Neste mundo de gente Para viver sem dor Qual anátema me caiu Para viver nesta execração Sinto vergonha desta nau Quero acabar com a maldição Ah se eu pudesse solicitar Pedir com instância Para que o mundo pudesse rimar Viver em concordância 19-02-2020 João Pires