poema "Cais" por Joao Pires
Cais És parte da margem do rio És parte da margem do mar És Douro num lindo desafio Embarque de mercadorias e passageiros Que de noite vem pela calada Desembarcam sem se ver No meio da bicharada Para se abastecer Tens água que sobe Barcos que passam ao largo E nada te move Da tua missão sem amargo És cais que um dia Acolheste o teu primeiro amor Com grande acalmia E sem grande pavor És ainda lugar nas estações de caminho de ferro Que espera gente De todos os destinos Com o relógio que marca o tempo Há areia no cais Perfume de verde-rio Temperado com sal do mar Assente em grandes pedras E tu não chegas nunca mais Noites tranquilas Embaladas pela água E o perfume da maresia Segredos que me trazes De noite para o cais De madrugada Levas mensagens De manhã Passavam os arrais Montados nos barcos Sempre confidenciais Trago segredos Das quintas do Douro Entre as margens fluviais Pelo meio de ...