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Amadeo de Souza-Cardoso (PT)

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A caricatura que, em 1906, Amadeo de Souza-Cardoso fez de Laranjeira, refastelado à mesa de um café, visto de costas, numa posição repousada e nada cerimoniosa é já um notável desenho. Esta caricatura trouxe alguma fama a Amadeo, entre outras que na mesma altura fez de Laranjeira, acentuado-lhe o rosto peludo e feio, como que para satisfazer pedidos do próprio caricaturado. Foi pois como caricaturista que Amadeo começou a ser apreciado, não apenas por alguns escritores como por pintores, seja o já conceituado António Carneiro seja, depois, pelos seus companheiros de Paris, também caricaturistas: Emmerico Nunes (1888-1968), Domingos Rebelo (1891-1971), Acácio Lino (1878-1956). caricatura de  Emmerico Nunes (1888-1968) Fosse ou não fosse o jovem Amadeo alguém propenso às especulações intelectuais, a verdade é que ele foi um leitor aplicado. Mas os mestres portugueses da palavra escrita não o poderiam ajudar como futuro pintor vanguardista. As atitudes intelectuais ...

Os santos e santas da minha devoção

Os santos e santas da minha devoção, em especial ao milagroso Padre Santo Antonio, é padroeiro de namorados, e quando quer fazer um milagre não pergunta quem tem razão. Não me esqueci de me encomendar também aos Santos Mártires de Marrocos que lhe levam a perna numa dificuldade. Muitas vezes ouvi dizer a minha mãe: " roga ao santo até passar o barranco ". E medo para trás das costas. Toque, toque, Britiande lá avultava, apertada às bandas da estrada, com casas caiadas, casas antigas de pedra bruta, mulheres a catar-se às portas, e meninos nús pelos patins a esganiçar-se pelas mães. Estava tudo em sossego; pelos vistos não era ali que eu quebrava osso . Ja dava graças a Deus quando, ao desandar da ultima esquina, uma porta se abriu e meu tio Agostinho, os Maçãzeiros, o padre e uma choldra sem cinta me saltaram à frente. Deitei a mão ao bacamarte, de cara para a patuleia que estarreceu com o meu rompante: - Olá amigos, o que é isso? Aquilo lá se lhes afigurou qu...

Escola primária

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A campainha ainda ressoava pelos ares, mas a maioria dos alunos já tinha saído da sala de aulas. era a última manhã e todos já se encontravam próximo do autocarro. Não esqueçam de fazer o trabalho para casa, gritou a professora. Escola Primária Até segunda, respondeu uma voz divertida e estridente. Era sexta feira. Veio à lembrança o andar sozinho. A mulher-a-dias teria partido ao meio dia. A roupa estava passada a ferro e depositada no tabuleiro, para ela distribuir pelas gavetas. Os jarros lavados, no balcão da cozinha, as flores e a folhagem no balde de plástico, o almoço no fogão e a mesa posta. A Elsa teimava em pôr-lhe a mesa e em não se servir do tabuleiro, que ela usava ao fim de semana, sem paciência para se servir a si própria. Não era ainda primavera, mas respirava-se um sol que as violetas do jardim, que se viam da janela da sala de aula, aprisionavam nos caules verdes. por João Pires

Violetas à beira do rio

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À beira do rio nascem violetas ao comprido lá dizia a canção.  Mas não ali. Ali nasciam detritos e a miséria cobria os homens duma lepra espessa que os deformava. Enxames de criançada procuravam horizontes e aventura no rio podre, estagnado ao sol, como um bicho morto. Barcaças negras, dum negro mineral de carvão, mais negro que a faina dos carrejões, suados, arquejantes sob os sacos, oscilavam, molemente ao ritmo, lento, das águas. Nas escadas as mulheres lavavam e havia estendais de trapos e roupas pobres nas amarras. Pormenor da Ribeira do Porto De costas para a margem, viradas para a margem, viradas para a amalgama do casario, telhados tortos cheios de musgo e líquenes, fachadas ocres avinhadas, dum brilho embaciado de azulejos antigos, que o granito dos cunhais sujava e envelhecia ainda, erguiam-se as barracas do mercado. Ouviam-se as vendedeiras a tentar a freguesia.

O Zarolho

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No dia em que o meu pai comprou o peixe vermelho para o aquário , ela passou horas seguidas a vê-lo nadar de um lado para o outro. E foi ela que, de repente, descobriu: - Mas este peixe só tem um olho! Peixe Zarolho Corremos todos ao aquário. Era verdade. O peixinho vermelho, acabado de chegar a nossa casa, não tinha o olho direito. Nem sinal dele. - Para que quero eu um peixe zarolho cá em casa? - disse logo a minha mãe, que não gosta lá muito de bichos. - Mas ele com um olho vê tão bem como com dois - disse o meu pai. - Olha como ele encontra logo a comida que a gente lhe deita... Lembro-me: o peixinho corria, feito doido, de um lado ao outro do aquário mal a água se enchia de pequeninas folhas rosadas que vinham dentro de um frasco que o pai comprara com ele. E era tão engraçado quando se virava do lado em que devia haver um olho e não havia... "Rosa, Minha Irmã Rosa" "Rosa, Minha Irmã Rosa" Alice Vieira Caminho

gata Raquel

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A gata Raquel é muito curiosa. Tão curiosa, tão curiosa que quase entrou dentro da máquina fotográfica ! gata Raquel A gata Raquel tem cerca de quatro anos. Foi esterilizada e já fez os teste da sida e leucemia que deram negativos. Está no gatil para adoção e à espera de novos donos. Excelente companhia para casal de idosos. local: (Valbom - Gondomar)

There was once a country - Ary dos Santos - portuguese poet

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There was once a country Ary dos Santos was also an active political campaigner. Ran the length and breadth of the country, sometimes alone before thrilled audiences with his unique way of saying poetry, sometimes in organized sessions for popular structures in which also participated in the intervention singers who, like him, through music and words, tried to interpret the feel of an entire people. Too often these sessions were interrupted by the arrival of the repressive forces, but next week or next month were all there, again, available for another session, another journey. Political commitment Ary was already since the 1960s, and takes with particular emphasis since 1969. At this point, part of the campaign of the Democratic Electoral Commission and is affiliated with the Portuguese Communist Party ( PCP ). My word said in the light of the setting sun His spoken word was also sung. Ary dos Santos was the author of poems for some of the most memorable songs ever present...

Ary dos Santos - At 16 years old sees his own poems were selected for the Anthology of premium Almeida Garrett

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At 16 years old sees his own poems were selected for the Anthology of premium Almeida Garrett. It was here that rebel, "walked dazzled eyes" toward independence, leaving the parental home. Machines sold in tablet, bellboy was the National Society of Matches clerk at Casino Estoril, did advertising. Was all this and more, even if what really moved him was the irrepressible desire of poetry. In 1963 it published the book of poems "The liturgy of blood." The following year launched the "Time of the legend of almond" and the poem "Blue exists", represented in the Tivoli Theatre in Cold Gases and RTP ( Portuguese Radio television ) . The studies were not linear. He was expelled from college Infante Sagres, passed Nunalvares Institute boarding school in Santo Tirso, and did not actually complete any college degree, despite having attended law schools and Letters of Lisbon. "Original is the poet" and, therefore, Ary dos Santo...

" I'll be whatever they tell ": Ary dos Santos, Poet of the Revolution, died 30 years ago

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" I'll be whatever they tell ": Ary dos Santos, Poet of the Revolution, died 30 years ago Several initiatives indicate the disappearance of the poet that most have sung the April Revolution. José Carlos Ary dos Santos Pereira was a Portuguese poet and reciter. Was in the history of Portuguese music for writing poems 4 Winning songs of the Eurovision Song Contest. Ary dos Santos Ary dos Santos died on January 18, 1984 , a victim of cirrhosis Were his words on many of the doors that opened April 1974. Committed poet, activist, passionate about causes and people, José Carlos Ary dos Santos died 30 years ago. Coming from a family of high bourgeoisie, José Carlos Ary dos Santos, known in social and literary milieu by Ary dos Santos was born in Lisbon on December 7, 1937 in a family of high bourgeoisie. Born then again, for poetry at age 14, when the family publishes it, against their will, some poems in the book " Wings ".