A suspeita
Já não é apenas sobre as opções da política fiscal que se colocam dúvidas sistemáticas. A suspeita inquinou todas as áreas da governação. Sempre que o ministro das Finanças do Governo PS repetir que não vai haver aumento de impostos, a comunicação social não hesitará em esquecer as declarações anteriores e fazer da promessa uma notícia nova. A fatalidade existe, porque nesta, como em muitas outras matérias, a suspeição introduziu-se como um furúnculo na imagem que o Governo projecta para os cidadãos. Como na história de Pedro e do lobo, instalou-se a suspeita de que quem falta uma vez aos seus compromissos e à palavra dada está eternamente condenado a dar o dito por não dito, sempre que haja uma surpresa, algo de novo no enquadramento, ou uma simples tentativa de correcção de trajectória política. À semelhança do que tinha acontecido com Durão Barroso, o PS em campanha prometeu, apesar de haverem vozes discordantes dentro do partido, que não aumentaria impostos, mas não passou da p...