tinta permanente

por Etelvina Ferreira Abril 2025 Há uns anos atrás, diariamente, eu descia à praia com o corpo ainda a meio do caminho do sonho. Frequentava umas aulas de ginástica sobre a areia, onde os exercícios se confundiam com o murmúrio das ondas e o cheiro salgado do despertar. As aulas começavam às sete da manhã, quando o céu ainda bocejava em tons de cinza e o mar parecia um espelho embaciado por dentro. Foi ali, nesse palco de silêncio e brisa, que a vi pela primeira vez. Há figuras que pertencem mais ao cenário do que ao enredo, que não precisam de falas nem de luzes para se imporem como presença. Assim era a senhora que nadava todos os dias, fizesse sol, chuva ou vento. Uma personagem de outra maré, talvez saída de um livro de lendas ou de uma memória antiga mergulhada no mar. Surgia, invariavelmente, por volta das sete e meia. Trazia um roupão desbotado pelo tempo, chinelos gastos e uma touca de plástico de flores murchas, como quem vestia não o corpo, mas o seu próprio ritua...

Numa manhã radiante de primavera, numa aldeia afastada, decidiu-se organizar o Grande Campeonato das Patas. Os animais da quinta estavam em alvoroço, cada um a preparar-se para mostrar as suas habilidades. Existiam três categorias: a corrida mais rápida, a maior habilidade de salto e o concurso de talentos. A primeira prova foi a corrida. O coelho, ágil e veloz, parecia ter a vitória garantida. Mas, inesperadamente, Tica, a tartaruga da quinta, desafiou-o. A plateia riu e até a galinha, que sempre foi um pouco crítica, não conseguiu conter o riso. Mas Tica era determinaa e, apesar da sua fama de lerdinha, tinha um plano (ou assim pensava ela). Assim que a corrida começou, o coelho disparou como um foguete, enquanto Tica começou a sua jornada com um passo de cada vez. Ao fim de alguns minutos, o coelho, já cansado, decidiu parar para uma sesta sob uma sombra. Tica continuou com a sua marcha lenta, mas constante, e quando o coelho acordou, já era tarde demais! Tica cruzou a l...

Hoje em dia, a saúde das crianças é um assunto muito discutido. Uma das questões que tem sido levantada é o uso de medicamentos para emagrecimento em crianças de apenas seis anos. É preocupante pensar que, para combater o excesso de peso, se recorra a injeções e tratamentos que não são completamente compreendidos. Sabemos que o índice de massa corporal, ou IMC, é uma forma de avaliar se uma criança está crescendo de forma saudável. No entanto, existem cada vez mais casos de crianças que, em vez de adotarem hábitos saudáveis, são tratados com medicamentos que podem ter efeitos a longo prazo. Especialistas alertam que o uso desses tratamentos pode afetar o desenvolvimento do cérebro e dos ossos das crianças. Isso leva a uma pergunta importante: será que é correto pegar numa criança tão nova e introduzir uma rotina de medicamentos? É assustador pensar que, ao tratar deles como adultos, podemos estar a criar um problema maior. As injeções para emagrecimento podem parecer soluçõ...

Uma Crónica: O Direito à Liberdade dos Elefantes Era uma manhã serena no Jardim da Floresta Azul, um zoológico que, ao contrário do que se poderia imaginar, não era apenas um espaço para exibir a beleza da natureza, mas um refúgio para a reflexão sobre os direitos dos animais. Este lugar, conhecido por alguns como um sanatório para criaturas que sofreram em cativeiro, tornara-se o centro de uma questão jurídica que, por muito tempo, emergira como uma sombra sobre a sociedade. Os elefantes, majestosos e imponentes, eram os protagonistas de uma história de vida e liberdade, um dilema que pedia por justiça. A questão começou quando uma jovem advogada chamada Clara Luz, defensora ferrenha dos direitos dos animais, decidiu que era tempo de agir. Cansada de ver aqueles magníficos seres enclausurados, Clara lançou uma campanha de angariação de fundos para a construção de um santuário para os elefantes do Jardim da Floresta Azul. O objetivo era claro: libertar os elefantes da sua v...

Poema de Amor em Tempos de Distância: Encontro e Esperança No calor da cidade deserta e vazia, Atravessei ruas sem vida, Com o coração cheio de ansiedade, Para encontrar o teu sorriso radiante. Procurei os teus cabelos de ouro, Como um farol que me guiasse, Encontrei a porta aberta, Como um convite para entrar na tua alma. Sorriste para mim com surpresa, Ao lado floria um arranjo de jasmim, Exalava fragrância, como o teu perfume, O teu ar de duquesa que me deixou sem fôlego. Atirei um beijo de longe, como um suspiro, Respondeste com o teu sorriso, como um raio de sol, Nesta época de deserto e de escuridão Foi o amor foi o que me manteve desperto A palermia pode ter separado, Mas não fez de mim um monge sem desejo, Disse-te duas palavras de improviso, Mas nada escapou ao teu olhar atento, que me viu. Nesse olhar vi a compreensão, Vi a certeza de que o nosso amor é forte, Que nada, nem mesmo a distância, Pode apagar a chama que arde entre nós. Então, não me importa a cidade deserta, Não ...

O ditado "O tempo é juiz de todos nós" tem uma profunda verdade. Sim, existe um juiz chamado "Tempo" que não é um ser humano, mas sim uma força poderosa e inexorável, que coloca cada um de nós no seu lugar. Não importa quem seja, nem o que faça, o tempo é igual para todos e não tem piedade, apenas cumprindo a sua missão de ordenar o universo. Mas aqui está a questão, amigos: é quando o tempo nos coloca no nosso lugar que verdadeiramente começamos a entender quem somos e o que valorizamos. É quando enfrentamos os nossos erros e falhas que aprendemos a crescer, a aprender e a melhorar. Assim, o juiz Tempo não é apenas um destino inescapável, mas também uma oportunidade para refletir sobre a vida e a sua direção. Portanto, vamos aproveitar cada momento, cada segundo e cada ano para viver a vida da melhor maneira possível, pois ao fim do dia, o juiz Tempo não é que julgue, mas sim que coloque cada um de nós no lugar onde devemos estar.