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CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS - poema por João Pires

Celebração das exéquias Das palavras mortas Dos poemas que são enguias Se escapam das mãos rotas Quando se forma a claque Para aplaudir as palavras Poesia sem ataque Ideias sem amarras Mulheres celebradas Em palavras saboreadas Mulheres detestadas Por seres misóginos Vilipendiar publicamente Vaiar com desprezo Amar despudoradamente Para sair ileso Racismo no mundo Cor da pele ou etnia Até quando este submundo Quero viver com alegria Sou resiliente Sou sonhador Neste mundo de gente Para viver sem dor Qual anátema me caiu Para viver nesta execração Sinto vergonha desta nau Quero acabar com a maldição Ah se eu pudesse solicitar Pedir com instância Para que o mundo pudesse rimar Viver em concordância 19-02-2020 João Pires

Cadela perdida na auto-estrada

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No regresso a casa, após mais um dia de trabalho, circulava na  auto-estrada , pensando em chegar  a  casa, depois de passar pelo supermercado para comprar pão fresco. O dia estava a chegar ao fim ajudado pelo céu encoberto. Ele viaja geralmente sem música. Gosta de se entregar aos seus pensamentos, viajando eternamente. A sua imaginação não tem limites e sempre que se entrega a esse exercício, gosta de sonhar mais e mais. O seu cão esperava-o para o passeio habitual ao final do dia.  Já a meio do percurso de 7 quilómetros, apercebe-se de um animal à deriva na berma da  auto-estrada . Teve uma  reacção  numa fracção de segundos. Não  pára  e vai levar o seu cão a passear como habitualmente. Até porque parar naquele local, próximo de uma saída, seria extremamente perigoso, não só pela paragem pelos curiosos que gostam de ver o que se passa, mas sobretudo pelo facto de o animal poder saltar para a estrada, obrigando os carros a desviarem-se e poderem embater no seu carro ou sofrer