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A mostrar mensagens de dezembro, 2016

tinta permanente - João Pires - "Quero voar para 2017"

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Quero voar para 2017, agora que ganhei asas. Mover-me no céu azul, observando tudo à minha volta com olhos de cristal. Sobrevôo. Estou a planar e olho lá para baixo. Estradas que parecem linhas de coser. Lagos como pequenos charcos e pessoas como cabeças de alfinete. Mantenho-me no ar a flutuar, sem pensar em nada mais. O ano está findar. Pairar e sentir o ar puro. Explodir de felicidade por mais um vôo. Abro bem as asas para aproveitar ao máximo o ar rarefeito e encher o peito de céu azul, aplainando o ar. Todos os dias vôo para aperfeiçoar. Depois, com grande rapidez, mergulho em vôo picado, como se não houvesse 2017. As minhas penas resistem à velocidade extrema. Talvez se tenha desprendido uma. Vôo como se estivesse a atravessar a barreira que me transportará ao Ano Novo. Dessa forma consigo propagar a minha felicidade, deixando um rasto no ar, uma linha branca, como fazem os aviões quando cruzam os céus. Elevo-me em pensamentos sublimes. Fecho os olhos, em pleno vôo e res

tinta permanente - João Pires - "Menina doce e meiga"

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Menina doce e meiga que atravessas a noite de xaile ao peito. Vais a caminho do Natal. Para te sentares à mesa na ceia com os familiares mais próximos. Caminhas à beira do rio e as águas brilham com a luzes laranja que se vão derramando pela noite fora. Levas o bolo para a mesa da consoada. Atravessas ruas e sobes um deserto de escadarias de granito escuro. As sombras da roupa estendida às janelas, projectam figuras estranhas no chão. Luzes que vêm das janelas denunciam gentes que se reencontram. Se abraçam. Se beijam. Trocam presentes ou afectos. Provavelmente já se encontram sentados à mesa.  tinta permanente - João Pires - "Menina doce e meiga" E eu subo a rua já deserta, cheia de luzes de Natal e das montras das lojas agora vazias. Anúncios que ficam para trás, que perderam a sua razão de ser. O Natal fechou. O comércio encerrou há algumas horas.  Lá ao fundo ainda vislumbro, na noite escura, um saco de compras colorido de tons dourados e vermelhos,

tinta permanente - João Pires - "Corre água no regato"

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Corre água no regato em direcção ao lago, deixando um burburinho no ar. Os pássaros chilreiam, sem parar, no alto das árvores. O lago situado à frente da casa em madeira, permanece calmo, como sempre. Eu contemplo a paisagem em longas vistas. Chegas perto de mim.  tinta permanente - João Pires - "Corre água no regato" Sussurras-me ao ouvido palavras de amor. Abraças-me com o teu doce calor. Beijos orvalhados escorrem pelo pescoço. Subitamente, sinto um íntimo arrepio na alma. Os teus cabelos roçam a minha pele excitada.  Não sei como aquela estrada feita de luz me trouxe até junto de ti. O céu está carregado de azul de fim de dia, sem nuvens. E os sabores do vento correm sem parar. E a luz das velas chegou, pois entretanto caiu a noite. Estou preso ao meu destino e tu estás no meu caminho. Sinto-me renascer. Encostas os teus lábios à minha orelha e cai um tremor para percorrer todo o corpo como um pequeno choque eléctrico. Momentos inesquecíveis. Arrepios em todo o

tinta permanente - João Pires - "O meu primeiro beijo"

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O meu primeiro beijo aconteceu ontem. Ao som das ondas do mar. Com os pés enfiados na areia. Ondas de paixão? Ondas de puro prazer sentido. Cada minuto, cada olhar. Profundo. Doce. Rejuvenescer.  tinta permanente - João Pires - "O meu primeiro beijo" Com um simples olhar. Como será possível segurar aquele momento nas minhas mãos? Segurar-te-ei nos meus braços. Olhar de veludo com um mar inteiro dentro. O perfume da tua pele invadiu-me, misturado com o almiscarado de sonhos leves em forma de beijos. Suaves. Beijos de olhos abertos.  Espontâneo é o teu sorriso. Aberto como o Oceano. E queres voar mais alto. Sempre mais. E desenho-te um poema na pele do teu pescoço. Selo-o com um beijo prolongado. E o bálsamo da tua intuição transforma-se em oásis para mim. Um abraço terno mas cheio de calor sela uma amizade inquebrável. Sinto-me a voar de novo. Vou voltar ao mar. Planar até atingir a perfeição.  Dá-me a tua mão. Vens?

tinta permanente - João Pires - "Quando eu era pequenino"

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tinta permanente - João Pires - "Quando eu era pequenino" Quando eu era pequenino Tinha mesmo acabado de nascer. Ainda não abria os olhos mas já reconhecia o perfume de uma mulher. Foi amor ao primeiro contacto, logo depois de nascer. E tudo era novo. O dia e a noite. Dormir e permanecer acordado. Nasci com o sono trocado. E sempre sono leve. Atento ao que se passava à minha volta. Mas precisava de sentir o perfume da tua pele a todo o momento. Esse era o meu sinal de que tudo estava bem. A minha segurança. O meu porto de abrigo . Depois vieram as primeiras visitas. A do meu pai que logo sorriu para mim. Depois outros olhos curiosos e bem abertos. A do meu tio que quase enjoou para cima de mim. Deve ter sido da emoção de ver um ser acabado de nascer. tinta permanente - João Pires - "Quando eu era pequenino" Quando eu começava a chorar, vinha logo a mama. Mesmo que não tivesse fome e fossem apenas dores de barriga, servia para acalmar. Trazia-me o con